Instituto Pensar - Covid-19: morte de profissionais de enfermagem cresce 422% em janeiro

Covid-19: morte de profissionais de enfermagem cresce 422% em janeiro

Imagem: Shutterstock

Com queda nos últimos meses de 2020, o número de mortes entre os profissionais de enfermagem em decorrência do contágio do coronavírus cresceu no primeiro mês de 2021. Somente em janeiro, foram contabilizados 47 óbitos contra os nove registrados em dezembro e, os sete registrados em novembro passado, os menores índices de mortalidade na categoria desde o início da pandemia. Esses dados somam os casos registrados em enfermeiros, técnicos e auxiliares de enfermagem.

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De acordo com a CNN Brasil, até o momento, 163 enfermeiros, 338 técnicos e, 66 auxiliares de enfermagem já morreram da doença, totalizando 567 vítimas. São Paulo, Rio de Janeiro e Amazonas aparecem como os estados com maior número de mortes deste grupo sendo, 87, 60 e, 44, respectivamente. Também é nestas três localidades que se encontram o maior número de profissionais que foram infectados, com um total de 12.125.

O número de fatalidades causadas pelo coronavírus em profissionais desse ramo vinha decrescendo desde julho do ano passado, quando o órgão apontou 75 mortes. Segundo o Conselho Federal de Enfermagem (Cofen), o aumento segue a tendência de alta nos novos casos de pessoas infectadas pela doença na segunda onda da Covid-19, o que leva à sobrecarga dos equipamentos de saúde.

"As equipes de saúde estão mais preparadas, a escassez de equipamentos de proteção não é mais tão crítica. Mas isso não é suficiente quando as instituições passam a receber uma demanda grande de pessoas ao mesmo tempo?, afirma Walkirio Costa Almeida, coordenador do comitê de crise da Covid-19 do Cofen.

"Profissionais da saúde serão contaminados no atendimento da Covid-19. Mas quando as condições de atendimento não são as melhores, isso acaba extrapolando aquilo que seria o risco natural de contaminação da profissão?, diz Almeida.

Melhores condições de trabalho

Em nota divulgada em janeiro, enfermeiras de São Paulo cobraram ação efetiva do governo para melhorar as condições de trabalho oferecidas atualmente que, segundo elas, são a causa principal das mortes e adoecimento na categoria.

"Decorridos 11 meses de pandemia no país, permanecemos ocupando a primeira posição entre os países que mais matam profissionais de enfermagem no mundo, alcançando a triste proporção de um terço dessas mortes.?

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E o que para muitos significa esperança de dias melhores, a chegada das vacinas no país expõe novamente o sucateamento do sistema de saúde brasileiro. A falta de insumos básicos como seringas, de equipamentos de armazenagem e, de pessoal, gera preocupação por parte de quem está na linha de frente dos atendimentos.

"A sobrecarga das trabalhadoras de enfermagem será ainda mais potencializada, tanto pela intensificação do ritmo já extraordinário e preocupante de trabalho, quanto pela exposição a possíveis agressões por parte dos usuários, insatisfeitos com dificuldades previsíveis numa campanha dessa dimensão, em que é possível se antever filas de espera e intercorrências de várias ordens?, comentam as enfermeiras na nota.

Com informações da Folha de S.Paulo



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